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Sobre a Ilha de Marajó

por Manuela Gomes


Qual é a verdade?


Nos últimos meses, um dos assuntos em alta na mídia tem sido a ilha costeira de Marajó, situada no estado do Pará. Mas, por que esse lugar tem chamado tanta atenção?


Imagem aérea da Ilha de Marajó (fonte: EBC)

Recentemente, denúncias de exploração sexual contra crianças e adolescentes na ilha têm ganhado força na Internet. O tema já havia chamado atenção há algum tempo, porém, após a cantora paraense “Aymeê” apresentar uma música sobre o desaparecimento de uma criança no local, mais pessoas e até celebridades começaram a se pronunciar. Com a manifestação popular a respeito, o tópico voltou a ser discutido nas redes sociais e acabaram surgindo diversas reportagens que mostram a situação e casos da ilha. Mas o que realmente é verídico? Infelizmente boa parte dos casos de abusos infantis, tráfico de crianças e problemas de estruturas sociais são condizentes com a realidade, mas desde o início da repercussão dos casos, há situações que não são completamente verdadeiras.


Em 2020, Damares Alves, ex-ministra e atualmente senadora, discursou em um evento religioso sobre o abuso sexual e o tráfico de crianças na Ilha de Marajó. No discurso, descreveu cenários inimagináveis afirmando possuir evidências e provas concretas sobre tais fatos. Ao tomar conhecimento das declarações da senadora, o  MPF (Ministério Público Federal) requisitou informações sobre a veracidade do que foi dito. Em resposta, ela afirmou que seu discurso se baseou em “boatos de rua”, o que levou o MPF a ajuizar ação pleiteando que ela se retrate publicamente, e, seja condenada a pagar uma indenização de R$5 milhões por danos sociais e morais coletivos pela prática de fake news.


Em 2019, Damares, juntamente com Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, criou o programa “Abrace o Marajó”, que tinha a função de facilitar o acesso aos direitos humanos na ilha. Um dos principais objetivos do projeto, era combater a exploração sexual e a violência em Marajó. No entanto, o programa não cumpria sua função. Segundo o “Carta Capital”, “Abrace o Marajó” não tinha participação cidadã e se resumia à “entrega de cestas básicas”. No dia 5 de setembro de 2023, o governo Lula revogou o programa e iniciou o “Cidadania Marajó”, com os mesmos intuitos, mas com a promessa de exercer sua funcionalidade.


Além do caso da ex-ministra, também houve a propagação de fake news por meio de vídeos e fotos que nem sequer foram gravados na ilha. Nas redes sociais, uma foto repercutiu muito, onde havia várias crianças dentro de um carro que supostamente teriam sido “salvas do tráfico infantil”. Na realidade, o vídeo foi gravado no Uzbequistão e retrata uma professora transportando irregularmente 25 crianças em seu carro.


Entretanto, as fake news propagadas não anulam o fato de que a Ilha de Marajó contém causas que devem ser motivo de preocupação e atenção. Segundo dados do UOL, a taxa de crimes sexuais é de 3,648, ficando acima da média de 2,449. Em 2022 foram registrados 550 casos de estupro. Além disso, o seu IDH é de 0,418. A ilha é marcada pela vulnerabilidade social, que resulta em grande parte da violência, observada nos dados anteriores.


A despeito das fake news, é de suma importância o destaque desta causa, porque existem casos verídicos ocorridos na Ilha de Marajó . Dessa forma, é crucial que o leitor saiba distinguir aquilo que é real e aquilo que não é. Por isso, lembre-se de checar as fontes e notícias de toda informação relacionada ao caso.


1 Comment


Unknown member
May 09, 2024

um artigo tão necessário , que não caia no esquecimento. Parabéns @Munuela Gomes 👏🏼👏🏼

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