Talvez
Talvez tenha chegado minha hora
Talvez meu tempo esteja acabando
Talvez seja exatamente agora
O momento de eu talvez morrer sonhando
Talvez tenha chegado minha hora
Talvez a vida esteja apenas começando
Talvez seja exatamente agora
O momento de eu talvez viver sonhando
Talvez a hora do ressarcimento
Talvez seja hora do pagamento
De todos os meus pecados nojentos
Que me fizeram imundo por dentro
Talvez seja a hora do renascimento
Talvez seja a hora do perdão
Talvez seja a hora do avivamento
A hora de reacender meu coração
Talvez eu seja um pecador nato
Talvez eu seja só um ser humano
Talvez eu seja um projeto falho
Talvez eu esteja em aprendizado
Talvez seja só uma fase
Talvez essa seja minha sina
Talvez isso nunca me mate
Talvez isso um dia me assassina
Talvez seja um mínimo detalhe
Talvez seja a chave dessa obra prima
Talvez seja tudo um impasse
Talvez a resposta esteja muito mais acima
Talvez essa seja minha conclusão
Talvez minha última palavra
Talvez essa seja minha introdução
Talvez início de uma nova cruzada
Talvez, talvez, talvez…
Já me cansei de tanta dúvida
A única certeza que tenho
É que "certeza", nunca existirá nenhuma
O Corvo
Dopamina
A vida que é muito vivida
Extremamente atrevida
Algumas vezes amiga
Majoritariamente inimiga
Com o amor que nos cativa
O amor que nos enfeitiça
No amor que nunca há justiça
Deixando-nos de forma depressiva
A vida que nos faz chorar
A vida que nos faz rir
A vida que nos faz pensar
A vida que todos os dias tenta nos fazer cair/
De todas as quedas
Nunca consegui me levantar
Me sentindo no vazio desabar
Sem nenhuma expectativa de me recuperar
Me sinto caindo infinitamente
Sem ver uma luz que me ilumina
Mas sigo persistente
Procurando algo que me dê dopamina
O Corvo
Mário de Andrade
Começo mais um poema sorrindo
Sorrindo pra não chorar
Porque se me deixar levar
Essas emoções vão me matar
Matar ou me levantar?
A dúvida que me leva a questionar
Será que sou forte ou burro?
Não importa, desde que vivo eu consiga estar
Não sei se é força ou estupidez
Mas sigo com a dor na estrada
A dor que me faz mais um vez
Escrever sobre a vida desesperada
Inesperada, indesejada
Inadequada, subestimada
Amada, odiada, respeitada
Amargurada e ainda sim, não é nada
Enquanto choro, rimas vão saindo
Vivo com dor mesmo que não gema
E para cada sentimento que venho sentindo
Há uma gota de sangue em cada poema
O Corvo