Indústria alimentícia: aliada ou vilã?
Maria Clara Vieira

Alimentos industrializados, cada vez mais, fazem parte do cotidiano de quase toda a população. Praticidade, agilidade no preparo e sabor atrativo desses produtos são algumas características que justificam a enorme clientela que possuem. Porém, devido aos mecanismos de conservação dos alimentos e às estratégias para atingir um grande público consumidor, esses produtos apresentam grandes quantidades de substâncias nocivas à saúde. Logo, esse campo industrial mostra-se um vilão para a longevidade humana.
Nesse cenário, tem-se um grave problema advindo dessa área comercial. O surgimento dos transgênicos – alimentos que possuem genes modificados em laboratório – se baseou na premissa de que esse mecanismo seria eficaz na diminuição do uso de pesticidas/herbicidas. Entretanto, ocorre o contrário, uma vez que as pragas/ervas daninhas possuem a habilidade de desenvolver resistência, juntamente com os alimentos, aumentando, assim, o uso de agrotóxicos. Segundo Bia Dorazio, especialista em nutrição clínica, isso é um dos motivos para o aumento significante de casos de câncer no mundo inteiro. Portanto, nota-se o tamanho efeito negativo que essa prática causa na sociedade.
Além disso, outro problema expressivo que se originou desse ramo da indústria é o uso da gordura hidrogenada nos alimentos, conhecida como “gordura vegetal”. O nome explica seu processo de formação, já que um óleo vegetal é transformado em gordura por meio de um superaquecimento e adição de hidrogênios a ele. No entanto, esse processo também produz a gordura “trans”, responsável pela causa da aterosclerose, doença cujo o diagnóstico se dá pela presença de placas de gordura nas veias do sistema cardiovascular. De acordo com a OMS, o consumo dessa gordura não deveria passar de dois gramas por dia, o que dificilmente acontece, pelo fato de as tabelas nutricionais presentes nos rótulos dos produtos omitirem o valor dessa quantidade, uma vez que a porção do alimento observada nela é pequena.
Ademais, ainda há a problemática dos altos níveis de açúcar nos alimentos industrializados. Uma vez preocupados com a durabilidade, sabor e textura do produto, o açúcar entra como protagonista. Especialistas da área da saúde aconselham que a ingestão diária desse ingrediente não ultrapasse 4 colheres de sopa – aproximadamente cinquenta gramas. Caso contrário, o risco do desenvolvimento de diabetes e de obesidade aumentam com discrepância. Com isso, nota-se que a indústria alimentícia exerce efeito negativo nesse contexto também, pois há grandes quantidades de açúcar em todo e qualquer alimento que esteja “embalado”. Conforme uma análise da endocrinologista Maria Lúcia Giannella, em um pacote de biscoito amanteigado, há mais de 11 colheres de sopa de açúcar.
Diante do exposto, conclui-se que é preciso ter cautela nas escolhas feitas no supermercado. É de extrema importância que as pessoas verifiquem na tabela nutricional valores referentes ao açúcar e à gordura trans contidos naquele alimento, assim como os símbolos de “transgênicos” presentes em algumas embalagens. Apesar de isso parecer eficiente, o certo é, na verdade, evitar qualquer tipo de alimento vendido pronto para consumo. Além do mais, os “in natura” têm maior qualidade quando orgânicos, pois certamente estarão livres de agrotóxicos e genes modificados. Assim, evitando a compra de produtos “venenosos” para a saúde humana, pode-se, gradualmente, enfraquecer esse ramo industrial tão grande e forte da atualidade e, consequentemente, diminuir doenças causadas por ele.